· Um pouco sobre o autor…
Mário Costa Martins de Carvalho (Lisboa, 25 de Setembro de 1944), é um romancista, contista, dramaturgo e argumentista português.
Integrou a direcção da Associação Portuguesa de Escritores, durante as presidências de David Mourão-Ferreira (1984-1986) e Óscar Lopes (1986-88).
Foi professor convidado da Escola Superior de Teatro e Cinema e da Escola Superior de Comunicação Social durante vários anos. Orientou pós-graduações em escrita de teatro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e várias oficinas de escrita de ficção.
· Sinopse e comentário (no próprio livro)…
“Cenários evocadores dos nossos dias enlaçam-se com os destinos de uma juventude confrontada com perplexidades e dilemas de um tempo histórico ainda recente. Percursos aventurosos numa África irreal, toda feita de caprichos literários, vão de par com histórias sombrias, cheias de inquietação e susto.A ironia afável conjuga-se com a crueldade. Uma estranheza, ora inquietante ora divertida, acompanha o delírio mais inesperado. Uma linguagem que aposta na clareza, sem fazer quaisquer concessões ao facilitismo.O HOMEM DO TURBANTE VERDE: Contos longos, com fôlego. Quatro secções, quatro olhares, quatro vozes, traços de mistério, de fantasia, de atribulação, de crueldade. E alguns ecos de uma geração que se bateu, digna e desassombradamente, por um mundo melhor. Mas não serão, afinal, todos os lugares da ficção lugares mágicos?”
· A minha opinião sobre o livro…
Avalio esta obra com 4 estrelas, uma vez que não se insere no meu estilo de obras preferido. Contudo aconselho a sua leitura a todos aqueles que gostarem de contos, porque nesse género de escrita é um livro surpreendente e apelativo. Na minha observação ao livro falarei dos seus pontos de interesse, pondo um pouco de parte o estilo da obra, o qual como já referi não é dos meus favoritos.
Este livro é contituído por dez contos, todos diferentes e sem ligações com os restantes, daí ter como ponto de interesse a leitura que não precisa de ser seguida, pois todos os contos são independentes. Para além disso é um livro de curta extensão o que permite uma leitura mais rápida e fluída, o autor utiliza uma linguagem clara e acessível, o que torna esta obra agradável. Contudo, esta linguagem tem, por vezes, uma interpretação difícil, o que torna mais complicada a compreensão de cada conto.
Para além destes pontos podemos ainda considerar como vantagem da obra, a existência de uma descrição moderada, o que é óptimo para os leitores, pondendo seguir a história e ao mesmo tempo imaginar os pormenores e as suas próprias personagens. A somar a isto, temos a existência do narrador em primeira pessoa na maioria dos contos, o que torna o leitor mais atento e mais ligado à história, sentindo-se como a personagem principal. Por fim ainda relacionado com autor podemos identificar como vantagem do livro o tom irónico, por vezes humorístico com que as histórias são contadas, o que torna a leitura mais apelativa.
Como não poderia deixar de ser a intriga de um livro é sempre um ponto fulcral e tido como um ponto de interesse da sua leitura, logo também a intriga é importante nesta obra. A intriga varia de conto para conto, sendo em alguns mais cativante que noutros. Os contos que mais gostei foram: “Na terra dos Makalueles”, “O celacanto”, “A contaminação” e “A longa marcha”. O primeiro “Na terra dos Makalueles” é um conto interessante que nos mostra o que as pessoas são capazes de fazer para obter aquilo que desejam. É de realçar o homicídio sem remorsos, os enganos, a sedução e o poder de manipulação. É um conto que nos transmite novos conhecimentos acerca de África, dos seus territórios, dos seus povos. Entendo esta história como uma crítica à ganância, pois todos ansiavam por se apoderarem das estatuetas, não olhando a meios para atingir os seus fins. Já “O celacanto” e “A contaminação” são histórias mais cómicas e fantasiosas. Gostei particularmente de “A contaminação”, pois o final é surpreendente, uma vez que nunca pensámos que uma conversa casual, que nem é muito natural para o protagonista, o leva a descobrir a história de vida do seu locutor, e que no fim tudo aquilo faça agora parte da sua vida. É realmente uma história muito engraçada e que vale a pena ler. Por fim “A longa marcha” é uma história já mais emotiva e tocante, pois é uma crítica à frieza, à crueldade das pessoas para com os outros. Esta história suscitou-me particularmente a reflexão sobre a realidade, porque é usual encontrarmos pessoas que passam ao lado, ignoram e chegam mesmo a afastar-se das pessoas que precisam de ajuda, ignorando-as completamente. É chocante principalmente a parte em que a rapariga da bicicleta decide ficar a ver o homem a ser morto pela grua da pedreira, enquanto teve oportunidade de o ajudar. A personagem que mais me marcou neste conto foi o cão, uma vez que esteve sempre ao lado do homem, e apoio-o como podia, incentivando-o a continuar, ao contrário dos seres racionais, ele esperou, ajudou e esteve sempre presente para o homem, e acima de tudo sofreu quando soube que o seu fim estava próximo. Penso que no nosso dia-a-dia devemos valorizar os animais, devemos tratá-los bem, porque eles estão sempre lá, ao contrário das pessoas, que tanto podem estar como não.
Em jeito de conclusão quero realçar apenas que este livro alarga os nossos horizontes, trazendo-nos novos conhecimentos em termos geográficos e em termos sociais, uma vez que também é um livro que nos leva a reflectir e pode mesmo alterar a nossa visão acerca do mundo, apesar das histórias contadas serem fantasiosas. Para mim estes conhecimentos e estas refleções são pontos importantes do livro que tornaram a minha leitura mais agradável e interessante.