terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A Quinta dos Animais



  • Um pouco sobre o autor...
 Eric Arthur Blair (Motihari, 25 de Junho de 1903 – Londres, 21 de Janeiro de 1950), mais conhecido pelo pseudónimo George Orwell, foi um escritor e jornalista inglês. Sua obra é marcada por uma inteligência perspicaz e bem-humorada, uma consciência profunda das injustiças sociais, uma intensa oposição ao totalitarismo e uma paixão pela clareza da escrita. Apontado como simpatizante da proposta anarquista, o escritor faz uma defesa da auto-gestão ou autonomismo. A sua crença no socialismo democrático foi abalada pelo "socialismo real" que ele denunciou em Animal Farm (A quinta dos animais).

  • A meio do livro...
Encontro-me agora no 2º capítulo na página 33 do livro “A quinta dos animais” de George Orwell. Estou a gostar bastante do livro apesar das poucas páginas que li, uma vez que é engraçado percebermos que também os animais domésticos podem estar descontentes com a sua vida, pode-se sentir usados pelos humanos. Como aprecio a inteligência e a perspicácia, interesso-me pelas várias estratégias usadas pelos escritores para fazerem críticas sociais. Deste modo, penso que Orwell foi bastante astuto ao inventar esta história, pois pegou num exemplo do nosso quotidiano que permite uma fácil interpretação dos ideais que pretende transmitir. Fiquei muito contente com a revolução dos animais da quinta e estou ansiosa para saber qual será agora o seu futuro, pois apesar de animais com capacidades sempre estiveram habituados a obedecer ao homem e são dependentes deste. Espero que os animais se consigam organizar e que o seu “animalismo” resulte, contudo tenho as minhas dúvidas pois como estes representam os humanos, e este livro uma crítica social penso que os porcos se tornarão tiranos e do “animalismo” passarão à “ditadura animal”. Este tiranismo poderá acontecer, pois infelizmente como deu para perceber pelos cavalos, estes submetem-se às ideias dos porcos sem se questionarem, e como em qualquer “sociedade” existe sempre uma minoria a aproveitar-se de uma maioria que nada faz para mudar a situação. Mas pronto, a verdade é que não sei o que vai acontecer, por isso volto à leitura para mais tarde voltar a comentar e perceber “se acertei na maçã, ou se por outro lado matei o homem”.   

Após a leitura
Posso então afirmar que felizmente “não matei o homem”, parece que poderei comer a maçã, uma vez que as minhas expetativas foram cumpridas. Assim como tinha pensado, realmente os porcos tornaram-se tiranos e conseguiram exceder a exploração e o abuso dos humanos aos animais. 

  • A minha opinião...
Gostei bastante desta fábula avaliando-a com 5 estrelas, por esta razão aconselho a sua leitura a toda a gente, uma vez que fala da nossa sociedade e mostra-nos os nossos sistemáticos erros, e é mesmo como se nos retratasse numa história, ou seja, é como se analisasse-mos as nossas atitudes (a nossa postura) na sociedade.
A intriga deste livro é bastante cativante, sendo este um aspecto de interesse na obra. Um dos momentos que mais me marcou nesta história foi o momento da rebelião, pois sem grandes planos os animais descontentes revoltaram-se e instauraram o “animalismo”. Este foi um grande passo para os animais da quinta, pois conseguiram vencer os seus medos e revoltar-se contra a “ditadura” em que viviam. Como a história que mais conheço é a história portuguesa, associo um pouco esta rebelião dos animais ao 25 de Abril português. Contudo como aconteceu a Portugal, também aos animais esta revolução acabou por não ser exatamente aquilo que esperavam, perderam o que pensavam ser o pior ditador, mas ganharam um ainda mais autoritário. Pois a pouco e pouco os porcos foram-se tornando como que humanos, mas o seu poder de persuassão era tal, que os animais ainda faziam mais sacrificios com esses a governar do que com o próprio homem. Por outro lado comparo também esta rebelião dos animais à instauração da República portuguesa. Como é evidente vemos que a república traz muitas mais vantagens ao país, teoricamente, mas na realidade, na prática, esta não é bem aplicada o que causa descontentamento na população. Contudo ao longo dos anos, assim como os animais, os cidadãos foram comparando a república à monarquia e percebiam que na realidade era melhor, e todo o sacrifiício era preferível ao voltar às ordens de uma família real. Todavia ao longo dos tempos a situação foi-se agravando e começaram-se a não se encontrar tantas diferenças entre os dois regimes, mas a população orgulhava-se de pelo menos não trabalhar em prol de uma corte que não tem em conta os seus interesses, e ganhava alento para continuar. Na realidade esta república vai-se parecendo cada vez mais com a monarquia, mas a verdade é que as pessoas também já não se lembram de como era a monarquia e acreditam na voz dos seus governantes quando dizem que “não, a monarquia era muito pior”. Contudo este dia da revolução, o dia em que tudo mudou vai-se esquecendo, é importante para os governantes que assim o seja para que a comparação não seja feita e ao fim e ao cabo não se repara que está tudo igual, senão pior. Este esquecimento é tão importante que sendo o dia 5 de Outubro o dia memorável por uma mudança de regime, e como tal feríado nacional, deixa de o ser. Acaba-se com este dia tão importante e que tanta diferença trouxe ao país. Será que este dia era assim tão importante?, será que existem assim tantas diferenças?, será que ainda vale a pena o seu festejo?, estas são as minhas dúvidas. As quais gostaria de ver respondidas e que esta ideia que tenho me fosse tirada da cabeça, porque eu não quero crer que um dia que levou à morte de um rei português e do seu descendente, e foi tão importante para mudar a vida de todo um povo que queria na justiça, na igualdade e na liberdade fosse como que apagado da história, pois na realidade não se mudou para melhor, mas apenas a cara daqueles que exploram o povo.
Outro dos momentos que me marcou e me revoltou bastante foi quando Tagarela foi encontrado tombado com tinta na mão e uma escada partida em frente da inscrição dos sete mandamentos dos animais, o que me transcende é a acomodação dos restantes em relação àquilo que vêem. Por outras palavras ou não atingem aquilo que esta acontecer, não percebendo que estão a ser manipulados (que os sete mandamentos inicialmente acordados por todos os animais estão a ser alterados conforme convém mais aos porcos), ou mesmo que percebam deixam-se manipular e nada fazem com receio de retaliações. Mas o que mais me espanta é que esta coragem que os animais nesta altura não mostraram, tiveram-na contra o homem, revoltaram-se e conseguiram atingir o seu objetivo. Então interrogo-me porque não o fizeram agora, esta atitude deixa-me extremamente revoltada, porque como os animais nós, os humanos, na nossa sociedade nada fazemos para combater a injustiça e a manipulação daqueles que se acham superiores, e pior que isto como disse Orwell não percebemos que se nos juntarmos temos muita mais força que esses governantes e conseguimos com certeza atingir o nosso objectivo. Entendo quando se diz que é necessária uma liderança, pois para haver organização alguém tem de tomar a iniciativa, mas porque não juntar a voz de todos, porque não eleger alguém que modere um debate, que este ocorra com todos os cidadãos e dé voz a todos aqueles que tenham ideias e com o senso comum se chega a uma solução generalizada. Como já referi, apesar de não explicitamente, este livro é marcante e interessante pois faz-nos reflectir sobre a realidade humana, a nossa sociedade e a maneira como organizamos a nossa vida. Ao mesmo tempo que pensamos nas injustiças e na falta de coragem dos cidadãos, em certas ocasiões, estamos a desenvolver o nosso espírito critico e a experimentarmos diferentes estados emotivos. 
Como este livro é pouco descritivo a sua leitura torna-se mais fácil e rápida o que a meu ver é um aspecto cativante da obra.
Outro dos motivos de interesse deste livro são os conhecimentos do mundo que dele advém, com ele ficamos a conhecer melhor a sociedade de Stalin, apesar de aqui representada por animais, mas a base era a mesma. Somos levados por isso, a entrar no mundo da política, do comunismo, do socialismo, como o nome indicava “animalismo” representava o stalinismo, uma espécie de socialismo, mas com a constituíção escrita apenas pelo governante russo Stalin. Com este livro Orwell critica esta sociedade, pois na realidade os ideais socialistas deixam de existir, na realidade a igualdade perante a lei, os direitos dos cidadãos deixaram de ser tidos em conta. Como é demonstrado durante todo o livro, Napoleão que representava Stalin arranjava sempre maneiras de persuadir o seu auditório, era um porco perspicaz, uma vez que discretamente impedia qualquer revolta, nunca dando oportunidade aos restantes animais de se oporem àquilo que era dito. Estas oportunas distrações, como as ovelhas a cantar, a ameaça dos cães eram feitas na altura certa, no momento ideal de maneira que sufucasse qualquer tentativa de motim. Quando por vezes, alguém tentava, mesmo assim, algo, Napoleão acusava-os de traição e condenava-os à morte. Foi o que aconteceu com Stalin impediu qualquer tentativa de restauração do comunismo. Todavia, penso que esta história pode ser generalizada, não representa apenas Stalin como também inúmeros ditadores que existiram em diferentes países, e que impunham a sua vontade acima de qualquer outra. Como já referi anteriormente, mesmo que não tão semelhante esta história pode ser comparada com o 25 de Abril português, o povo português revoltou-se contra um ditador António Salazar, uma vez que este não mantinha uma justiça em Portugal e constrangia bastante a liberdade dos cidadãos. Contudo, também nós, assim como os animais da quinta deixaram os “porcos”, nós permitimos que os nossos governantes nos manipulem e nada fazemos, a não ser criticar.
Como em todas as fábulas podemos daqui tirar uma moral, uma mensagem a transmitir, a meu ver acho que Orwell quis antes de mais que visse-mos a nossa própria figura, que tomasse-mos consciência que aos olhos dos governantes somos como que uns ignorantes que se deixam manipular e que apenas servimos para os enriquecer. Depois desta tomada de consciência temos de ver que não é assim que queremos viver, já chega de exploração, de tolerância, nós não somos ignorantes mas sim pessoas racionais e inteligentes e temos os nossos direitos, porque a vida foi-nos dada a todos e de igual forma. Penso que Orwell queria que estes ditadores, esta minoria tão insignificante fosse combatida e desta forma o mundo se tornasse mais justo, mais amigo e um pouco mais perfeito.

 Sete mandamentos iniciais
1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.
 Mandamentos alterados
4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5. Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros

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