
· A minha opinião sobre "Os Maias"
Achei esta obra interessante avaliando-a 4 estrelas. Aconselho portanto a sua leitura a todos os portugueses, de maneira a conhecerem melhor a sua cultura e a evolução da sua sociedade, compreendendo melhor os vícios, os erros e, por outro lado, aquilo que ainda devia existir nos dias de hoje.
Este livro tem uma intriga cativante, contudo é um pouco descritivo demais, o que nos impede um pouco de usarmos a nossa própria criatividade para criarmos as nossas personagens e o cenário. Pois, na minha opinião a descrição é boa para nos dar as principais dicas para conhecermos o ambiente, tudo o resto deve ser criado pelos leitores. De resto a intriga é bem enredada e mostra diferentes perspectivas da sociedade.
Por outro lado, como as personagens são tão bem pormenorizadas também nos cria uma maior ligação com elas, tendo aqui o lado positivo da descrição. Gostei bastante da personagem Carlos da Maia, pois era um homem empreendedor e com objectivos na vida. Contudo, a personagem que mais me fascinou foi Afonso da Maia. Este apesar de perder a sua esposa, e mais tarde o seu filho, decide continuar a lutar e a educar o seu neto como um verdadeiro nobre e cavaleiro. Afonso da Maia era o patriarca da família e aquele com mais experiência de vida e sabedoria, sendo por isso o homem com mais personalidade e firmeza.
A minha atenção é captada durante a leitura deste livro em diferentes momentos. Como quando a esposa de Pedro da Maia o deixa e leva a sua filha com ela. Fiquei a pensar no que iria ele fazer, e qual seria o desenrolar da situação. Conforme os momentos da história passei por diferentes estados emotivos: senti-me alegre com as conversas entre Carlos e Ega; entristeci-me com o suícidio do Pedro, e com os amores proibidos da história tive por isso momentos mais e menos cómicos durante a leitura.
Uma das razoes que torna este livro acessível é a linguagem simples usada, esta facilita bastante a leitura, sendo este outro ponto positivo do livro.
Uma das coisas que mais me surpreendeu neste livro foi a intenção do autor em fazer com que cada personagem representasse um grupo, uma classe. Ou seja, Afonso representava os mais velhos e patriarcas, Carlos da Maia os jovens empreendedores com os seus amores e desamores. Alencar os poetas já com uma certa idade. O Eça, os poetas mais jovens e com mais ideias, e assim se passava com todas as personagens.
Como em todos os livros que li, identifico também neste vários conhecimentos acerca do mundo que me cultivam e me ajudam a entender melhor a sociedade da época. Através da descrição do autor consigo perceber a rotina dos nobres portugueses, consigo ver aquilo que valorizam e os princípios pelos quais se regem. Em relação a esta sociedade portuguesa podemos compará-la com a atual e identificar-lhe vantagens e desvantagens. Na minha opinião é de louvar o valor que era dado à educação, concordo plenamente com os ensinamentos em diferentes áreas às crianças, de modo a que estas tenham uma cultura geral que lhes permita falar de qualquer assunto com qualquer pessoa, o que muitas vezes não acontece nos dias de hoje. Contudo em relação aos ensinamentos religiosos, penso que devem ocorrer claro, mas no sentido das crianças aprenderem os valores religiosos, saberem distinguir o bem do mal, penso em que em termos de fé cada um deve decidir aquilo em que acredita e aquilo que mais força lhe transmite, não lhes deve ser imposta uma religião. Por outro lado, penso que o gasto excessivo de dinheiro em produtos luxuosos é desnessário. Este hábito da sociedade mais antiga poderia ser substituído, por exemplo por acções de solidariedade, pela promoção de exposições artísticas, entre outros hábitos. Todavia é de notar que na atualidade são gastas enormes quantias de dinheiro em objetos sem qualquer utilidade, sendo as coisas compradas simplesmente por impulso. Logo, pode-se concluir que apesar de antigamente se gastar muito dinheiro em produtos de luxo, normalmente estes iria ter alguma utilidade, em quanto os comprados hoje servem simplesmente para “encher a casa”. Com este livro conseguimos analisar também as relações amorosas da época, é de notar a ironia de todos serem bastante religiosos, mas na realidade o adultério ser algo muito usual, pois “os bastardos” eram tantos ou mais que os filhos legítimos dos homens. Por um lado era engraçado, para mim, ler que alguém era casado, mas estava apaixonado por outra pessoa, e por acaso era correspondido e então era como um segundo casamento. E não mais surpreendente acontecia o mesmo com a sua esposa, logo o lado nobre da sociedade era literalmente como uma grande família. Por outro lado sentia-me indignada com estas atitudes, uma vez que de pessoas que se diziam tão integras esta era uma atitude bastante rude.
Este conjunto de conhecimentos que advieram da leitura dos Maias suscitaram-me certas reflexões, nas quais me interrogava acerca da sociedade e da humanidade, ou seja levou-me a desenvolver os meus conhecimentos acerca de psicologia humana. Reflecti então sobre como os homens lidam uns com os outros, como é que se constrói uma sociedade e como é que esta é mantida. Como já referi anteriormente é necessário haver os patriotas aqueles que têm mais sabedoria e que são mais sensatos. Fazem falta também os poetas, os escritores, aqueles que comentam e denunciam os erros na sociedade; são necessários os jovens investidores que queiram revolucionar e inovar a economia, estimulando desta forma a sociedade. Estas reflexões foram também um dos pontos de interesse no livro, para mim.
(2011/12/14)
(2011/12/14)
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