quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ilha Teresa



·         Um pouco sobre o autor…
Richard Zimler (Roslyn Heights, Nova Iorque, 1956) é um jornalista, escritor e professor norte-americano naturalizado português.
É formado em Religião Comparativa pela Universidade de Duke (1977) e mestre em Jornalismo pela Universidade de Stanford (1982). Depois de se formar, trabalhou durante oito anos como jornalista na zona administrativa da Baía de São Francisco. Radicou-se em Portugal em 1990, residindo desde então na cidade do Porto. É actualmente professor catedrático na Universidade do Porto, lecionando disciplinas na área do Jornalismo. Obteve a nacionalidade portuguesa em 2002.
Richard Zimler já escreveu vários romances, com os quais já ganhou diversos prémios literários.

·         Sinopse (retirada do próprio livro)
“A vida de Teresa muda radicalmente quando os pais deixan Lisboa para irem viver em Nova Iorque. Não estando preparada para a vida na América, com dificuldades para se exprimir em inglês, Teresa encontra refúgio no seu particular sentido de humor e no único amigo, Angel, um rapaz brasileiro de 16 anos, bonito, mas desastrado, que adora John Lennon e a sua música. Mas o mundo de Teresa desmorona-se completamente quando o pai morre e a deixa, a ela e ao irmão mais novo, com uma mãe negligente e consumista.
Os problemas de Teresa confluem para um clímax de desespero no dia 8 de Dezembro de 2009-aniversário da morte de Jonh Lennon-quando ela e Angel fazem uma peregrinação ao Memorial Strawberry Fields Forever em Central Park. Aí, um terrível acontecimento que nunca poderia ter previsto devolve-a à vida e ao amor.”

·         A minha opinião sobre o livro…
“Ilha Teresa” de Richard Zimler é um livro bastante dinâmico e interessante, numa escala de 1 a 5, avalio-o com 4 estrelas e aconselho a sua leitura a todos os adolescentes que de algum modo se sente “estranhos”, pois na realidade esta é a fase da nossa vida mais “esquisita”.
Existem inúmeros pontos de interesse nesta obra, tentarei no meu comentário enumerá-los e explicar o porquê de me chamarem a atenção. Antes de mais falarei na intriga, Richard Zimler consigui-o criar uma história cativante e atraente em volta da vida de uma estudante imigrante Teresa. A personagem que mais me fascinou nesta obra foi Teresa, é evidente esta escolha, pois toda a história racaí sobre si e é-nos dada segundo o seu ponto de vista. Teresa começa por ser uma personagem meio perdida num mundo novo para ela, os Estados Unidos, mas com o tempo acaba por encontrar lá a sua nova casa. Com a sua história o leitor cria uma ligação com ela que vai desde os seus momentos mais depressivos até ao seu mais alto pico de felicidade. Como em todas as histórias existem momentos que nos marcam. Não querendo fugir à regra irei enumerar dois que me tocaram. O primeiro foi quando Teresa no campo de basquetebol vendo o Angel a ser gozado pelos colegas, toma uma decisão romântica e defende-o atirando um batom que tinha sido endereçado a Angel. Este momento é curioso, pois Teresa nunca antes tinha mostrado ser tão destemida, no sentido de proteger sem pensar nas consequências, aqueles que mais ama. Estas constantes surpresas na atitude das personagens são pontos de interesse deste livro, e são um dos principais motivos que mantém o leitor interessado na sua leitura. O outro momento que me tocou pela emoção e pela mudança que iria trazer a todas as personagens foi quando Pedro, o irmão de Teresa, acaba no hospital depois de tomar uma excessiva quantidade de valium e de vodka, e que o deixa em risco de vida. Este momento é bastante emotivo, pois Teresa planeava suicidar-se, contudo antes de o poder fazer o seu irmão decide experimentar a mistura fatal. Teresa sente-se então culpada pelo estado do seu irmão, enquanto toda a sua família teme a sua morte. Adorei esta parte da história, porque com esta atitude de Pedro toda a história muda, tudo o que estava errado começa agora a melhorar, e a trazer de novo esperança a esta família disfuncional. Este momento é o clímax da obra e o ponto de viragem de uma história que parecia ser envolvida por um tal azar e melancolia do qual nunca se iria recuperar, mas finalmente Teresa encontra alguma alegria, trazendo uma ponte a esta ilha Teresa que se encontrava quase submersa.
É também na existência de um narrador que conta a história em primeira pessoa que a ligação àquela personagem se torna mais forte, sendo esta uma das chaves de sucesso desta obra. O narrador é pois a protagonista da história, e ao lermos aquilo que escreve sentimo-nos na sua pele, deixamos também nós o nosso mundo e entramos na ilha Teresa, onde somos chamados a agir e a perceber o que se passa neste mundo. Com esta ligação à protagonista é fácil sentirmo-nos tristes, magoados, felizes ou irritados com o que se passa, porque nos sentimos como ela, sentimos que somos a Teresa. Além do mais, ao ter eu 16 anos e ser uma adolescente como a Teresa, vejo-me perfeitamente na sua pele e entendo, melhor do que ninguém aquilo que sente. Para mim esta ligação à personagem principal é o ponto de maior interesse neste livro, sendo o motivo, porque me fez gostar de o ler e de aconselhar a sua leitura principalmente a adolescentes.
Por outro lado é também importante a descrição existente no livro, não sendo nem excessiva, nem diminuta, está presente na quantidade certa, de modo a permitir-nos imaginar e ao mesmo tempo termos algo que nos guie para que nos seja possível entender a história. A somar a esta descrição bem pensada, existe também o tom humorístico como nos são contados os factos que torna a leitura mais agradável e apelativa.
De seguida soma-se ao rol de aspectos positivos e cativantes do livro os conhecimentos do mundo que com ele aprendemos. A cidade de Nova Iorque fica-nos então um pouco mais familiar, sentimo-nos mais perto e mais conhecedores da realidade das escolas dos Estados Unidos da América e da socialização que lá existe. Para além do mais, as frases e palavras em inglês presentes no livro, alargam a nossa cultura linguística, aprendendo desta forma novos vocábulos e expressões. Ficamos também a par das dificuldades de integração num novo país, levando-nos a pensar sobre todos aqueles portugueses que deixaram o seu país em busca de novas oportunidades.
Por fim acrescento apenas as reflexões que me foram suscitadas aquando da leitura do livro. Um dos temas do livro que suscita esta reflexão é a homossexualidade e a rejeição a que estas pessoas estão sujeitas quando se assumem ou dão a entender que se sentem como tal. É ainda hoje um assunto polémico e visto por muitos como tabu, na minha opinião não devem existir assuntos tabus, porque é necessário haver discussão de ideias para que se chegue a alguma conclusão, seja sobre o que for. Contudo, não se pode dizer que os homossexuais sejam aceites na sociedade tão facilmente como os heterossexuais, porque na realidade não o são. Penso também que a ida do Angel para uma escola de homossexuais mostra bem esta diferença, cria-se assim uma separação entre as duas orientações sexuais e esta é evidente. Na minha opinião devemos aceitar as pessoas como elas são, pois o nosso mundo será sempre multicultural a todos os níveis, e não há forma de o mudar. Por outro lado, reflecti sobre a morte e os efeitos que uma morte súbita e inesperada pode trazer àqueles que estavam mais próximos daquele que morreu. A Teresa sofreu bastante com a morte do pai, e penso que mesmo no fim do livro ainda não tinha superado totalmente aquela perda, e que provavelmente nunca a superará, pois é muito difícil esquecer aquilo que se viveu e principalmente com quem se viveu. Por último apercebi-me do importante que é termos alguém que nos apoie, que esteja ao nosso lado, que nos compreenda e que principalmente goste de nós. Sem este apoio do Angel, do Pedro, do tio Mickey e mesmo da mãe, Teresa nunca teria desistido do suicídio e nunca teria voltado a ser feliz. Penso que é importante estarmos atentos aos que nos rodeiam e estarmos sempre prontos a ajudar quem precisa de nós, principalmente se estes precisarem da nossa amizade e do nosso amor e não de bens materiais.

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